Estudante desenvolve prótese inteligente que capta movimentos pela câmera de um celular

Por Leny Chuquimia

El sistema captura el movimiento en tiempo real, reconociendo gestos, posiciones y secuencias.

Um estudante de Engenharia desenvolveu uma prótese de mão eletrônica inteligente, capaz de reproduzir movimentos humanos por meio do ato de imitação, utilizando exclusivamente a câmera de um telefone celular como interface visual. O projeto, concebido inicialmente como iniciativa acadêmica, destaca-se por sua funcionalidade versátil, baixo custo de produção em comparação com outras próteses e elevado potencial de aplicação em diferentes áreas.

Ronald Uriel Choque Paco, egresso do curso de Engenharia de Sistemas da Universidade Franz Tamayo (Unifranz), é o idealizador e desenvolvedor da prótese.

“O projeto consiste em uma prótese de mão eletrônica que utiliza o ato de imitar para gerar seus movimentos. Sabemos que a imitação está presente em nosso cotidiano: observamos um movimento e o reproduzimos no nosso comportamento ou na nossa própria ação motora”, afirma Ronald.

O conceito de “ato de imitação” foi inspirado nos processos naturais de aprendizagem humana. Assim como uma criança aprende observando e repetindo, esta prótese “aprende” ao captar e replicar movimentos.

Motivado pelo interesse em biomecatrônica e inteligência artificial, o jovem engenheiro ressalta que seu objetivo foi criar uma prótese “econômica, intuitiva e funcional”, capaz de interagir com o ambiente por meio da observação e, assim, tornar-se acessível a um maior número de usuários.

O protótipo é impulsionado por algoritmos de visão computacional e inteligência artificial. Ele funciona observando — via câmera de um celular — os movimentos de uma mão real. Construído em termoplástico preto, apresenta articulações e conexões visíveis, lembrando a estrutura de uma mão humana.

“Inicialmente, desenvolvemos um modelo de inteligência artificial capaz de replicar os movimentos de uma mão humana usando a câmera de um smartphone. O modelo processa as informações e as transmite, via conexão sem fio, à prótese, que executa os movimentos”, explica Ronald.

O funcionamento baseia-se na captura de imagens em tempo real, reconhecendo gestos, posições e sequências que são imediatamente convertidos em comandos para que a prótese os reproduza com precisão.

“Todo o processo leva menos de 0,5 segundo para replicar o movimento”, destaca Ronald.

Diferentemente das próteses convencionais, que dependem de sensores musculares sofisticados ou implantes, esta inovação utiliza recursos acessíveis, como o próprio smartphone, resultando em um dispositivo não invasivo e de fácil manutenção, já que dispensa sensores fixados à pele do usuário.

“Foi essencial compreender por que os usuários muitas vezes deixam de utilizar próteses eletrônicas. Percebi que o fator principal é a manutenção. Por exemplo, sensores desgastam-se com o tempo e isso gera custos adicionais”, observa Ronald.

A solução proposta dispensa sistemas caros ou sensores complexos, o que reduz o custo final do dispositivo e amplia o acesso a pessoas em situação de amputação ou deficiência motora.

“No contexto boliviano, uma prótese eletrônica geralmente custa a partir de 3.500 bolivianos. Com este modelo, é possível reduzir o preço para algo entre 1.500 e 1.000 bolivianos, dependendo do perfil do usuário”, explica.

Outro aspecto relevante é a versatilidade de aplicação. Embora tenha sido projetada para auxiliar pessoas com deficiência congênita ou amputações, sua precisão e capacidade de aprendizagem abrem possibilidades em outros setores.

No campo industrial, pode ser empregada como ferramenta robótica em processos que exigem repetição de movimentos precisos e força para manipulação de grandes cargas. Na educação, pode ser utilizada como recurso didático para o ensino de mecânica e programação de forma visual e interativa. Também pode ser aplicada nas artes e na medicina moderna, reproduzindo movimentos complexos ou auxiliando no treinamento de habilidades manuais.

“Estou satisfeito com o resultado. Nos testes qualitativos, foi possível constatar que o design da prótese foi muito bem aceito pelo público. O conceito desperta interesse, e os usuários aprendem a operá-la em poucos minutos”, relata Ronald.

O sistema é composto por uma plataforma de configuração, um aplicativo para smartphone — responsável pela captação dos movimentos — e o dispositivo protético, no caso, a mão eletrônica.

“Sempre há espaço para melhorias. Fico motivado ao ver que muitos profissionais avaliaram positivamente o projeto, oferecendo feedback valioso. Estou em processo de registro legal da ideia e das melhorias técnicas, e trabalhando na formação de parcerias para alcançar mais usuários, otimizar o custo e a funcionalidade. O objetivo é democratizar o acesso e garantir adaptação facilitada”, afirma.

A prótese, portanto, configura-se como uma plataforma de desenvolvimento contínuo, aberta a aprimoramentos e passível de adaptação às necessidades de cada usuário com o apoio adequado.

Projetos dessa natureza integram o programa de projetos integradores da Unifranz, que estimula estudantes a desenvolver soluções de impacto social, explorar novas tecnologias e trabalhar em benefício da comunidade.

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