Fab Lab da Unifranz transforma ideias em protótipos de soluções sustentáveis

O crescimento urbano avança em ritmo acelerado; além disso, os desafios ambientais se intensificam e as cidades enfrentam a necessidade de transformar seus entornos em espaços mais sustentáveis, inclusivos e resilientes. Para alcançar esse objetivo, não basta imaginar soluções inovadoras — é imprescindível ajustá-las e validá-las na prática. Nesse processo, o prototipagem de soluções tornou-se uma ferramenta estratégica para o desenho e a gestão de cidades sustentáveis.

Jorge Pazos, diretor do Fab Lab Santa Cruz da Universidade Franz Tamayo (Unifranz), explica que, na Bolívia, foi formada uma rede de laboratórios de fabricação digital conhecidos como Fab Labs. Esses espaços promovem a inovação, o aprendizado e o desenvolvimento de projetos tecnológicos e criativos.

“Nos Fab Labs, os alunos podem desenvolver novas habilidades. Eles aprendem a definir problemas, propor soluções e concretizá-las fisicamente por meio da prototipagem rápida, que pode envolver impressoras 3D, cortadoras a laser, fresadoras, eletrônica e robótica”, explica Pazos.

Segundo o diretor, o próximo grande objetivo dessa iniciativa é consolidar uma comunidade nacional de “makers” — criadores apaixonados por design, tecnologia e invenção —, que compartilhem conhecimentos, colaborem em projetos e gerem soluções para diversos setores do país.

De acordo com uma revisão sistemática publicada em 2023 na SciELO México, os Laboratórios de Fabricação Digital na educação básica têm um impacto positivo na aprendizagem STEAM (Ciência, Tecnologia, Engenharia, Arte e Matemática).

O estudo destaca que esses espaços representam um ponto de partida fundamental para incentivar a participação de meninas e meninos no movimento maker e em atividades tecnológicas criativas. Além disso, aponta a necessidade de ampliar o número de Fab Labs nas escolas, a fim de fortalecer a educação inovadora e o desenvolvimento de competências digitais desde a infância.

O que é prototipagem

A prototipagem consiste na criação de versões preliminares ou experimentais de um produto, serviço ou sistema, com o objetivo de avaliar seu funcionamento antes da implementação em larga escala.

No contexto urbano, isso se traduz na possibilidade de desenhar, simular e testar intervenções que melhorem a mobilidade, a gestão de resíduos, a eficiência energética ou a qualidade do espaço público. Mais do que um exercício técnico, a prototipagem representa uma filosofia de trabalho baseada na experimentação, colaboração e melhoria contínua.

“Queremos que os alunos conheçam o que é um espaço de criação, um mega space, e que tanto estudantes de universidades privadas quanto públicas tenham acesso a esses ambientes para desenvolver projetos capazes de resolver problemas do dia a dia”, explica Pazos.

Do design à ação

A abordagem permite aprender fazendo, gerando dados concretos, identificando falhas precoces e incorporando melhorias com agilidade. Além disso, fomenta a participação cidadã, pois os habitantes podem experimentar diretamente as transformações e contribuir com suas perspectivas para otimizar o design final.

“Na Europa, os Fab Labs nascem dentro das escolas. As crianças já são formadas com essa metodologia, a metodologia STEM. Aqui, nos Fab Labs, os alunos podem desenvolver novas habilidades: definir problemas, criar soluções e concretizá-las fisicamente por meio da prototipagem rápida com impressoras 3D, cortadoras a laser, fresadoras, eletrônica e robótica”, destaca Pazos.

O uso de ferramentas digitais, como modelagem 3D, gêmeos digitais e realidade aumentada, amplia as possibilidades da prototipagem urbana. Essas tecnologias facilitam a visualização de cenários futuros e permitem avaliar como as intervenções afetam variáveis-chave, como o consumo de energia, a temperatura ambiental ou a mobilidade de pedestres.

O objetivo final da prototipagem não é apenas testar, mas demonstrar a viabilidade de soluções escaláveis e sustentáveis. Uma vez validadas, as iniciativas bem-sucedidas podem ser replicadas em outros bairros ou cidades, gerando um efeito multiplicador.

“Compreender o conceito e criar mais espaços requer comprometimento das instituições públicas e privadas, para que disponibilizem ambientes e fomentem o espírito crítico nas pessoas. Não se trata de buscar apenas soluções paliativas, mas de entender a raiz dos problemas e desenvolver alternativas de longo prazo”, conclui Pazos.

Dessa forma, a rede de Fab Labs busca não apenas fortalecer as capacidades técnicas e criativas dos bolivianos, mas também promover uma cultura de inovação aberta, que transcenda fronteiras locais e contribua para o desenvolvimento sustentável e tecnológico da Bolívia.

Inovação, criação e juventude

Na segunda-feira, 10 de março, teve início em La Paz a Futures Week 2025, uma experiência que reafirma o compromisso com a construção coletiva de uma cidade mais saudável, culta, consciente, criativa e tecnológica.

Durante quatro dias, jovens estudantes inovam e desenvolvem soluções no âmbito do Workshop de Fabricação Digital Fab Lab: Prototipagem de Soluções para Cidades Sustentáveis, evento integrante da edição 2025 da Futures Week da Unifranz.

Assim, o evento se consolida como um espaço que articula ciência, inovação, políticas públicas e talento juvenil, colocando a juventude em ação para gerar protótipos com o auxílio das ferramentas dos Fab Labs — e, com isso, produzir um impacto real em benefício da sociedade.