Em dois dias de fórum, 33 especialistas nacionais e internacionais, autoridades e quase mil atores envolvidos no processo educacional latino-americano trabalharam no roteiro para o futuro do ensino superior no 5º Fórum Internacional de Inovação Educacional (FIIE 2024), que foi encerrado com um apelo para acelerar a transformação da educação para transformar a América Latina no caldeirão da humanidade.
“Esse espaço serviu para definir a educação que queremos, uma educação inclusiva, relevante, pertinente e relevante que impulsione o desenvolvimento sustentável em um mundo em plena mutação devido à Inteligência Artificial (IA). Chegou a hora de acelerar o ritmo e fazer da América Latina o caldeirão da humanidade, com alianças e ecossistemas educacionais para uma sociedade mais equitativa e justa com bem-estar social”, disse Verónica Ágreda de Pazos, reitora nacional da Universidade Franz Tamayo, Unifranz, instituição organizadora do encontro.
O diretor do Instituto Internacional de Educação Superior da Unesco na América Latina e no Caribe (IESALC), Francesc Pedró, destacou duas ideias centrais entre as muitas apresentadas no fórum: por um lado, as vantagens oferecidas pela tecnologia e, por outro, a necessidade de promover políticas públicas para a transformação da educação.
“Eu destacaria desta reunião, em primeiro lugar, o reconhecimento das enormes janelas de oportunidade oferecidas pela tecnologia e, em particular, pela IA. Em segundo lugar, a vocação para alcançar políticas públicas que permitam avançar em direção a uma educação superior de qualidade na Bolívia e na América Latina”, disse Pedró.
Em seus dois dias, o FIIE serviu como uma vitrine para os avanços mundiais em metodologias e ferramentas de aprendizado e se tornou um palco para analisar como coexistir com a IA para que ela esteja a serviço da humanidade.
O Vice-Ministro de Educação Superior e Treinamento Vocacional da Bolívia, José Luis Gutiérrez, concordou com a importância de acelerar a incorporação da tecnologia para transformar a educação e vincular as instituições educacionais na capacitação da inovação.
“O fortalecimento do fator tecnológico tem influência direta sobre a produtividade, e é assim que temos promovido e trabalhado para vincular universidades, institutos técnicos e escolas de formação de professores a centros de tecnologia, a centros de inovação produtiva bolivianos”, disse a autoridade estatal.
Da mesma forma, o secretário executivo adjunto da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), Javier Medina Vásquez, destacou que a aceleração da transformação da educação depende do investimento em pesquisa, a fim de mudar o pensamento na região.
“Temos que dar o salto em pesquisa e inovação. A América Latina tem que pensar diferente, investir, buscar soberania tecnológica, avaliar seu sistema de ciência e tecnologia, ter agendas de pesquisa supranacionais, propor novos modelos de negócios e fortalecer suas redes”, disse o funcionário da CEPAL.
O fórum também contou com a apresentação do subsecretário de Ensino superior do Chile, Victor Orellana, que apresentou “Inovações tecnológicas para a inclusão educacional”. Rodrigo Fábrega Lacoa, do MIT Media Lab Massachusetts, falou sobre “IA generativa e educação”, enquanto o secretário geral executivo da OUI, David Julien, e a vice-reitora de Educação Continuada do Tecnológico de Monterrey, Luz Vanzulli, compartilharam o painel “Internacionalização do ensino superior”.
Vozes que se somam a compromissos
Carla Prado, diretora de Desenvolvimento Curricular da Universidade de San Francisco Xavier de Chuquisaca (USFX), descreveu o fórum como uma “experiência enriquecedora” que ajuda as universidades a delinear estratégias de treinamento para o futuro. “As apresentações compartilhadas por personalidades do ensino superior mundial presentes no fórum servirão para nos ajudar a gerar nossas próprias diretrizes”, analisou.
Para Jorge Dorado Quiroga, presidente da ANUP (Associação Nacional de Universidades Privadas) regional de La Paz e reitor da Universidad San Francisco de Asís (USFA) – uma das universidades convidadas pela Unifranz para participar do FIIE 2024 – o aspecto mais relevante da reunião foi conhecer a “mudança radical” pela qual o ensino superior está passando no mundo.
“O fórum nos ajudou a identificar as oportunidades desses novos paradigmas, que nos dão um alerta sobre o que deve ser o futuro da educação. Graças a esse fórum, podemos ver quais caminhos precisamos tomar para mudar a forma como pensamos”, disse ele.
“O ensino superior que queremos e o futuro que construímos”, contou com a participação do secretário do Comitê Executivo da Universidade Boliviana (CEUB), Freddy Mendoza, enquanto o chefe da Rede Latino-Americana de Inteligência Artificial, Francisco J. Mayorga, apresentou o impacto da IA na sala de aula.
Reflexão para a mudança
A prática do questionamento leva à reflexão, que, por sua vez, mobiliza a mudança. Para a reitora da Unifranz, o FIIE 2024 significou “colocar o dedo na ferida” para sair da inércia e gerar mudanças em um dos principais valores da sociedade: a educação.
“Foram dois dias repletos de aprendizado, questionamentos e reflexões. Saímos satisfeitos por entender que às vezes é bom colocar o dedo na ferida para sair da inércia que parece nos vencer, e que em nenhum caso isso é positivo. Para aqueles de vocês que se sentiram aludidos, fico feliz, pois esse era um dos objetivos, nos sacudir e nos levar à reflexão”, disse ela.
Ter 17 especialistas internacionais e reuni-los em um mesmo encontro com 16 especialistas nacionais foi um dos esforços da Unifranz mais valorizados pelos participantes do fórum e pela própria reitora da instituição.
“Quero agradecer aos que cruzaram o oceano, agradecemos porque fizeram o esforço de contribuir para a construção de uma América Latina unida pela inovação e internacionalização da educação”, acrescentou a líder acadêmica.
Agência Boliviana de Internacionalização
O FIIE 2024 também estabeleceu a meta de criar a Agência Boliviana para a Internacionalização do Ensino Superior, uma das propostas de consenso.
“Estamos comprometidos com a criação de uma agência governamental para a internacionalização do ensino superior. É um grande desafio para a associação de universidades privadas fazer com que o governo se envolva por meio de um órgão que favoreça e apoie a internacionalização do ensino superior”, anunciou o presidente da Associação Nacional de Universidades Privadas (ANUP), Enrique Montaño.
O FIIE é uma contribuição da Unifranz para a transformação da educação na Bolívia, com base na internacionalização, democratização e melhoria da qualidade da educação, com uma perspectiva global do futuro.